Há quase 400 apreensões anuais de espécies selvagens comercializadas ilegalmente em Portugal. É apenas a ponta do iceberg.
Ovos de araras e papagaios contrabandeados por via aérea, são a principal irregularidade que os responsáveis nacionais da CITES(Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção) detectam anualmente. Vêm, quase sempre, do Brasil. Traficar ovos de arara ou de papagaio é uma imensa fonte de rendimentos. Os traficantes podem fazer, por um só papagaio dos mais comuns, 500 euros. Mas há algumas espécies de araras que podem ser comercializadas por até 20 mil euros.
O contrabando de ovos é uma prática relativamente recente. Calcula-se que tenha começado a ser massificada a partir de 2000. Antes, as redes organizadas mandavam as aves vivas envolvidas em panos e papéis molhados e fechados dentro de caixas. Era assim, nos confins do porões dos aviões, que atravessam o Atlântico.
Mas Portugal não é apenas local de destino de espécimes contrabandeados. No ICNB há registo de estrangeiros que procuram no país os ovos de algumas espécies protegidas, que são negociadas no exterior por preços elevados. Combater este tráfico é, por enquanto, uma tarefa complicada. Para fazerem sair os ovos os traficantes recorrem ao correio. Enchem caixas que remetem para o estrangeiro, sobretudo para a Inglaterra, e que não são levadas por ninguém. Só quase por milagre são vistoriadas.
Excerto de texto publicado no jornal Público ( 22/04/10) Por José Bento Amaro
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